Deus meu em quem confio, os cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim… Encontrei aperto e tristeza! Tenho, agora, a minha morada nos sepulcros. Ando de dia e de noite clamando pelos montes e em meio aos sepulcros – ferindo a mim mesmo com pedras – e ninguém pode me amansar.
Não há coisa alguma boa na minha carne, nem há paz em meus ossos, por causa do meu pecado. Pois já as minhas iniquidades ultrapassam a minha cabeça. Elas são pesadas demais para eu suportar. Já cheira mal o meu estado Jesus!
Estou encurvado e muito abatido, estou prestes a coxear; de maneira alguma posso me endireitar; não passo de um cão morto! Atolei-me em profundo lamaçal, onde se não pode estar em pé. Estou cansado de clamar, a minha garganta se secou. Os meus olhos desfalecem esperando o meu Deus.
Eu entristeci o Seu Espirito ao ponto de extingui-lo e, sem que eu soubesse, Ele se ausentou de mim. Porque daquilo que eu fui vencido (o pecado) do tal me tornei escravo! O bem que eu quero fazer, não consigo e, o mal que odeio fazer, estou sempre fazendo… Miserável homem que sou!
Percebi em mim um coração mau e infiel que se apartou do Deus vivo. Porque me havendo fortificado, exaltou o meu coração até me corromper e transgredi contra o Senhor meu Deus. Por isso, digno de morte é tal homem. Ó Senhor! Eu sou esse homem! Pois procedi mui loucamente. Passou a sega, findou o verão, e eu ainda não estou salvo.
Me perguntaram acerca de Ti e, por três vezes, eu disse: “Não conheço esse homem”, então passei a seguir-te de longe! Sinto-me preso com ganchos e amarrado com correntes, abandonado em uma masmorra. Ó maldito o dia que eu nasci, e aquele que deu as novas ao meu pai. Por que o Senhor não me matou na madre de minha mãe? Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido um homem! É tamanho o meu castigo que já não posso suportá-lo.
Mesmo tendo eu sido muitas vezes repreendido, endureci a minha cerviz, por isso temo de repente ser destruído sem que haja cura. Tudo isso porque eu fiz duas maldades: a Ti te deixei, o manancial de águas vivas, e cavei cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.
Meu Deus, que a minha justiça exceda a dos escribas e fariseus, pois sou eu que justifico a mim mesmo… Quanto tempo te honrei com os lábios, mas o meu coração estava longe de Ti? Sou a canção dos beberrões nas portas dos bares… Por isso, não sejam por minha causa envergonhados aqueles que em Ti esperam, nem deixe que por minha causa o Seu Nome seja blasfemado entre os gentios! Ah! Santo Deus: estou com nome de quem vive, mas estou morto, por isso pedi em meu ânimo a morte, dizendo: já basta, ó Senhor. Toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais!
No entanto, vendo eu que estava comendo bolotas com os porcos, caindo em mim disse: quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, eu pequei. Eu pequei, eu pequei! Já não sou digno de ser chamado teu filho, faze-me ao menos como um dos teus empregados! Agora clamo eu: Filho de Davi tem compaixão de mim, Filho de Davi tem misericórdia de mim!
Até os cães comem das migalhas que caem da mesa dos filhos. Deixe-me apanhar ao menos as espigas que caírem no caminho, pois a minha alma está faminta! Ah, se eu pudesse tocar ao menos na orla das Suas vestes ficaria curado do meu mal, seria perdoado da minha iniquidade, pois para Ti qual é mais fácil dizer: levanta e anda, ou perdoados estão os seus pecados? Entretanto, sempre que eu vou, passa outro na minha frente.
Apressa-te, ó Deus, em me livrar. SENHOR apressa-te em ajudar-me, pois tenho esperado com paciência no Senhor. Se quiseres, podes me limpar! Porém não sou digno de que entres em minha casa, mas dize apenas uma palavra – somente uma palavra – e eu serei livre do meu mau!
Apesar de ser eu pobre e necessitado, cuide de mim ó Senhor! Seja o meu quinhão na terra dos viventes, pois tu és Pai de órfãos e Juiz de viúvas, no Seu lugar santo. Por favor, ordene que seus corvos me alimentem e, na minha sequidão, seja o ribeiro que dê ao menos nos meus tornozelos e, assim, mate a minha sede!
Peço-te Senhor que unjas os meus olhos com o Seu colírio para que eu veja novamente e cubra com vestes brancas a vergonha da minha nudez. Ajuda-me a levantar, pois me lembrei de onde caí. Ajude-me a voltar ao meu primeiro amor e à prática das primeiras obras, antes que o meu castiçal seja removido!
Subirei eu contra os meus inimigos? Alcançá-los-ei? Entregá-los-á em minhas mãos, Jeová, fortaleza minha?
Se tu, Senhor, observares as minhas iniquidades, como subsistirei? Mas contigo está o perdão, para que sejas temido. Sendo assim, concede a essa figueira estéril que lhe dê ao menos um frutozinho digno de arrependimento, pois suas misericórdias Senhor, são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim, novas são cada manhã, grande é a tua fidelidade!
Tu, tu mesmo, bondoso Jesus, é o que apaga as minhas transgressões por amor de Ti, e dos meus pecados não te lembras mais… Portanto esperarei no Senhor, porque no Senhor há misericórdia e, Nele, há abundante redenção!
No amor de Cristo,
Paulo Junior
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